A Renovação educacional do Colégio Progresso em 1963

O trabalho com os documentos no Memorial traz o passado do Colégio com suas peculiaridades e preciosidades. Este é o caso da Renovação educacional vivenciada pelo Colégio Progresso a partir de 1963, liderada pelas professoras Amélia Pres Palermo, Lúcia Mendes Leite e Maria Nilza Gonzalez Mello. Preocupadas com o desinteresse dos alunos e a ausência de criatividade também entre os professores, a equipe de professoras decidiu que uma mudança se tornara necessária.

A Renovação não aconteceu de um momento para o outro. A equipe de professoras conheceu tentativas de mudanças em outras instituições e contatou outros educadores. Com isso foi possível pensar e colocar em prática a Renovação desejada para o Colégio Progresso. Nesta nova visão da educação o aluno foi chamado a participar de seu processo de formação. Ele já não receberia o conhecimento pronto, ele precisaria agir para construir o conhecimento, junto com seus colegas e professores. Caberia ao professor lançar as idéias principais a serem trabalhadas pelos alunos e discutir e refletir com eles para chegarem às conclusões finais.

Neste processo os alunos deveriam perceber-se como pessoas e, conseqüentemente, como portadores de valores, colocados a serviço dos outros, a fim de permitir a convivência e a cooperação. A educação religiosa tomou um lugar de destaque neste aspecto da Renovação educacional, pois através dela os alunos descobririam a importância dos valores. Neste período, nota-se, através dos documentos, que a educação religiosa tinha uma presença significativa no Colégio, com diversos materiais que estimulariam as discussões em torno da religião e dos valores que ela evoca.

A Renovação educacional do Colégio Progresso se mostrou realmente original, principalmente por ter sido realizada no período da ditadura militar. As mudanças foram levadas adiante até 1977 e neste período os alunos puderam vivenciar formas democráticas de se pensar e fazer o ensino, refletindo e participando de sua formação. É um feito bastante ousado para uma época que viveu a repressão à liberdade de expressão.

Esta experiência democrática no Colégio certamente marcou os alunos e os permitiu pensarem o mundo de uma forma diferente, mais tolerante. A abertura da escola para o diálogo é um passo importante para estimular a comunidade à reflexão e à expressão de opiniões e idéias, rumo a uma sociedade mais democrática. Não seriam estas questões para serem pensadas para os nossos dias também?

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