Depois de 70 anos ex-aluna volta ao Colégio
A vinda do filho para Campinas na manhã do dia 19 de janeiro impulsionou a ex-aluna do Colégio Progresso a visitá-lo, uma volta aos tempos de escola depois de mais de 70 anos. De cabelos grisalhos, não totalmente brancos, apoiada a uma bengala de madeira, óculos e ainda carregando uma bolsa pesada, Dona Olga Pupo Dutra Vaz, de 95 anos, reencontrou o local onde se formou professora.
Interna do ano de 1930 a 1933, vinda da cidade de São Manuel com a irmã mais velha já falecida, a ex-aluna demonstrou alegria ao ver fotos antigas. Enquanto via os álbuns, no memorial do Colégio, contou da sua trajetória pelo Progresso na década de 30.
“Fui interna em um colégio em Botucatu, que não era tão bom, e ainda sabe como são as freiras, era tudo muito rígido”.
Aqui Dona Olga diz que se sentia melhor, não tinha muito castigo.
“A Dona Emília tinha uma mentalidade mais aberta, a gente podia falar, ter expressão”.
Para ela, o pior era ficar quatro meses sem ver o pai, só voltava para casa em junho e depois em novembro, recebia algumas visitas do pai e do avô quando vinham para a fazenda da família em Amparo. As cartas eram raras e telefonemas eram para avisar do nascimento de primos.
Como perdeu a mãe aos três anos, foi criada por duas madrastas. Quando se formou, voltou para São Manuel, onde se casou, teve filhos, e hoje duas bisnetas. Da cidade não se mudou mais, mora em uma chácara com um dos filhos.
A lucidez é nítida e a memória é ágil, lembrou de muitos nomes no caderno de recordações, escrito por alunas que saiam do colégio. Chegou a encontrar o próprio nome em uma das páginas. Ao dizer a idade que chegou ao Progresso, foi rápida no cálculo.
“Nasci em 1912, então entrei aqui com 18 anos”.
Enquanto falava, revia fotografias, e uma delas fez lembrar da rotina.
“A gente acordava e durmia muito cedo, tomava banho no chuveiro frio... mas acostumei depois, nunca fiquei doente por isso”.
Ao ver hoje o quintal, hoje a casa onde fica o Memorial do Colégio, lembrou das brincadeiras, uma delas o barrabol, hoje conhecida como queimada. A coordenadora do Memorial, Lúcia Ribeiro, chegou para conhecer a ilustre visitante. Mas, a visita de Dona Olga pelo colégio teve que ser interrompida, já que o motorista do filho esperava na porta.
“Não quero atrapalhar meu filho, ele está trabalhando”.
Mas, a grata surpresa desta manhã foi mais uma visita histórica para o Memorial do Progresso, com a promessa de um retorno em breve.
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